Diferentemente de Marx e
Durkheim, Weber vai centrar suas análises no sujeito. Deste modo, esse pensador
vai partir da ideia de que o indivíduo é o elemento primordial para compreender
a realidade social. E essa análise passa pelo comportamento dos indivíduos, já
que tudo que existe na sociedade é resultado da vontade e da ação dos
indivíduos. É em suas condutas individuais que o agente associa um sentido que
é orientado pelo comportamento dos outros. Veja as palavras do próprio autor:
Falaremos de ação na medida em que o indivíduo atuante atribua um significado subjetivo ao seu comportamento – seja ele claro ou disfarçado, omissão ou aquiescência. A ação é “social” na medida em que o seu significado subjetivo leva em conta o comportamento dos outros e é por ele orientado em seu curso. (WEBER).
A ação social está ,deste modo,
profundamente ligada ao conceito de relação social.
A expressão ‘ação social’ será usada para indicar o comportamento de uma pluralidade de atores na medida em que, em seu conteúdo significativo, a ação de cada um deles leva em conta a ação dos outros, e é orientada nesses termos. (IDEM).
Weber dá ênfase à relação na qual
a atribuição de sentido é uma ação necessária e até mesmo fundadora do
intercambio social. É por isso que ele afirma ser a Sociologia uma ciência
voltada para a compreensão interpretativa da ação social e para a explicação
causal no seu transcurso e nos seus feitos.
É o sentido que os homens estabelecem em suas
ações que, segundo Weber, fundamenta a ordem social. Assim, o homem passa a ter
na teoria de Weber, como indivíduo, um significado e uma especificidade que não
encontramos no positivismo.
Não existe nesse autor a mesma
oposição presente em Durkheim entre sociedade e individuo. Em Weber, as normas
sociais só se tornam concretas quando se manifestam nos indivíduos sob a forma
de motivação. Cada indivíduo é levado a agir por um motivo que é dado pela
tradição, por interesses racionais ou pela emotividade.
Cabe ao cientista social
descobrir os possíveis sentidos das ações humanas presentes na realidade social
que ele irá estudar. Ao cientista social cabe perceber qual é o sentido
produzido pelo agente em todas as suas conseqüências. É o indivíduo, por meio
dos valores sociais e de sua motivação, que produz o sentido da ação social.
O
caráter social da ação individual
Weber nos diz que por mais
individual que seja a ação o fato do indivíduo agir segundo a expectativa do
outro faz com que a sua ação tenha um caráter coletivo e social. É o que ele
denomina de ação social. Quando esse sentido da ação social é compartilhado,
temos a relação social. Isto é diferente da ação individual e, para que se
estabeleça uma relação social, é preciso que haja um sentido compartilhado.
E qual é a diferença entre ação social e relação social?
A ação social é a conduta do
agente que está orientada pela conduta do outro, pela expectativa que você
possui sobre o que outro espera que você faça. Na relação social, a conduta de
cada qual entre múltiplos agentes envolvidos orienta-se por um conteúdo e
sentido reciprocamente compartilhado.
Ainda é preciso considerar que
essa relação orienta-se pelas ações dos outros, que podem ser passadas,
presentes ou futuras (vingança por ataques anteriores, réplica a ataques
presentes, medidas de defesa diante de ataques futuros. Porém, nem toda
espécie de ação, incluindo a ação externa, é social. A conduta humana é ação
social somente quando ela está orientada pelas ações dos outros. Por exemplo,
um choque entre dois ciclistas é um simples evento como fenômeno natural. Por
outro lado, haveria ação social na tentativa dos ciclistas se desviarem, ou na
briga ou considerações amistosas subseqüentes ao choque.
Os
tipos de ação
Por causa da infinidade das ações
humanas, Weber constrói uma teoria dos tipos de ação para apontar quais seriam
os motivos básicos da ação social. Entre os tipos de ação temos, segundo Weber:
a) Ação racional referente a fins: É a ação determinada
por expectativas quanto ao comportamento de objetos do mundo exterior e de
outras pessoas. Estas expectativas funcionam como “condições” ou como “meios”
para alcançar fins próprios ponderados e perseguidos racionalmente como
sucesso. Nesse tipo de ação, o homem
coloca determinados objetivos e busca os meios mais adequados para
consegui-los. O importante é perceber que o motivo da ação é alcançar sempre um
resultado eficiente. É uma ação instrumental voltada para um fim utilitário. A
empresa capitalista e o estrategista militar funcionam nessa lógica.
b) Ação racional referente a valores: é determinada pela
crença consciente no valor: ético, estético, religioso ou qualquer outro que é
absoluto e inerente à ação e independe do seu resultado. O motivo da ação neste
caso, não é um resultado, mas um valor, independentemente se o resultado for
positivo ou negativo. O capitão que afunda junto com o seu navio é um exemplo,
pois age racionalmente baseado num valor.
c) Ação social afetiva (ou emotiva): é a ação determinada
de modo afetivo guiada por paixões, por afetos ou estados emocionais. Uma
resposta intempestiva está incluída neste grupo.
d) Ação social tradicional: é a determinada pelo costume
arraigado ou hábito, aquele tipo de ação que se faz porque sempre se fez. A
maior parte das ações cotidianas enquadra-se neste tipo de ação.
No centro de relações sociais moldadas
pelas lutas, Weber percebe o fato da dominação. Na verdade, entre os conceitos
mais usados da teoria weberiana estão os conceitos de poder e dominação.
De acordo com o autor, poder é a
capacidade de impor a própria vontade dentro de uma relação social. Para Weber,
poder é diferente de dominação, que significa probabilidade de encontrar uma
pessoa pronta a obedecer a uma ordem de conteúdo determinado. A dominação pode
ser entendida como uma relação social. Assim, para Weber, o importante é
analisar o que torna legítima a autoridade, pois é com a legitimidade social
que a dominação é justificada e efetivada.